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Restrições a direitos das mulheres preocupam torcedoras do Fluminense que vão à Arábia Saudita

Globo Esporte



Num grupo de torcedoras do Fluminense que vai à Arábia Saudita, um comunicado de alerta é divulgado. Hospedadas à beira do Mar Vermelho, em Jedá, elas não poderão usar biquíni ou entrar no mar. E não poderão frequentar o hall do hotel que tem a piscina, exclusiva para homens. Sede do Mundial de Clubes, o país é um dos mais restritivos do mundo quanto a direitos das mulheres.

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O ge conversou com torcedoras que viajarão nos próximos dias para a Arábia Saudita. Elas são unânimes ao dizer que "se não fosse pelo Fluminense, dificilmente iriam ao país". É o caso de Luma Queiroz, que tem as vestimentas como maior preocupação. No país, há multas em casos de desrespeito aos costumes e tradições locais — devem ser modestas, discretas, que cubram ombros e joelhos, e não tenham estampas, imagens ou símbolos.

— Estive num bazar e comprei algumas roupas abaixo do joelho. Uma saia que não mostre o joelho. Uma calça que é bem larga. Estou levando comigo algumas blusas do Fluminense, não só as tradicionais. Mas por receio de acharem curto, vou usar as masculinas, porque são maiores. Também procurei roupa árabe, véu, mas não achei. No sábado, vou estar chegando em Jedá e vou tentar comprar roupa — conta.

Outra preocupação de Luma é compartilhada com seu namorado, Josué. As regras do país não permitem o contato físico com cônjuge ou parceiro(a) de forma que possa ser interpretado como natureza sexual (abraços ou beijos na boca) em lugares públicos.

A Arábia Saudita é um país islâmico, onde o porte, o comércio e o consumo do álcool são totalmente proibidos. As penas para crimes são severas e podem incluir prisão, deportação e, para os casos enquadrados como tráfico de drogas, a pena de morte. Mesmo se o Fluminense for campeão mundial, a comemoração terá que ser feita de outra forma.

— Vou ter discrição total. Estou evitando tudo. A gente está no Mundial de Clubes, então, não poder cerveja é muito complicado. Eu sou muito consumidora. Meu time pode ser campeão mundial e eu não posso beber. Isso para mim é algo inadmissível — completa Luma.

Em Jedá, cerca de 300 torcedores do Fluminense estão se organizando para participar de um evento numa churrascaria, organizado pela tricolor Daniela Lin. Acostumada a viajar, ela sabe que o encontro terá que ser adaptado devido às regras da Arábia Saudita. Para chegar ao melhor modelo, pediu ajuda a guias mulheres, exatamente pelo temor.

— Estamos fazendo vários grupos com roteiros, um passeio a Medina, a Meca, entre um jogo e outro. Vamos levar cerca de 100 pessoas para Medina. Na hora de contratar uma guia, escolhemos uma guia mulher, exatamente pelos costumes serem diferentes dos nossos. Precisamos nos comunicar e eles não vão te dar tanta atenção. Com homem, é diferente. Vou (ao Mundial) porque é o Fluminense. Se não, não iria.

De acordo com o Guia do Torcedores divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, não há necessidade de usar véu. Porém, apostasia (renúncia de uma religião), blasfêmia e ateísmo, por exemplo, são crimes passíveis de pena. É proibido o exercício público de outras religiões, bem como a exibição de seus símbolos, como a Bíblia.

Relações entre pessoas do mesmo sexo, ainda que consensuais, são criminalizadas na Arábia Saudita. Violações das leis sauditas que tratam de demonstrações de afeto entre pessoas do mesmo gênero, bem como manifestações de apoio à causa LGBTQIAPN+, inclusive em mídias sociais, estão sujeitas a punições severas. As penas podem incluir multas, prisão e mesmo condenações à morte.

— Eu viajo muito, mas um lugar com tantas restrições ao direito da mulher é difícil para mim. Só em 2019 que as mulheres puderam ir a jogo de futebol lá. É um desafio — completa Daniela.

O Fluminense fará quatro treinos antes da estreia na competição, na segunda-feira, às 15h (de Brasília), contra o vencedor de Al-Ahly (Egito) x Al-Ittihad (Arábia Saudita). O Flu encerra a participação na competição no dia 22 para a disputa da final ou do terceiro lugar, contra Manchester City (Inglaterra), Urawa Reds (Japão) ou León (México).

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