Advogada da jovem explica que cliente tentou reaver um altar que ela tinha ganhado em uma doação da comunidade há 3 anos. Polícia Civil diz que vai instaurar inquérito para apurar o caso.
G1-Goiás
Professora durante ritualística que permite ao adepto ter altar, em Anápolis — Foto: Arquivo pessoal/Jéssica Victória
Uma professora denunciou por extorsão o pai de santo suspeito de passar HIV de propósito para um estudante, em Anápolis, a 55 km de Goiânia. A advogada da jovem, Jéssica Victória Souza, explicou que a vítima fazia parte da mesma comunidade que o suspeito há seis anos e que as extorsões teriam começado após ela decidir deixar o local.
Segundo a advogada, na ocasião, sua cliente tentou reaver um altar que ela tinha ganhado em uma doação da comunidade há 3 anos.
"No processo de saída dela, com o intuito de evitar esse desligamento, o sacerdote disse a ela que para ter acesso a esse altar religioso ela deveria pagar R$ 9 mil reais", explicou a advogada.
A defesa do pai de santo disse que até o momento, não tiveram acesso ao teor das denúncias registradas em desfavor do pai de santo e que estão trabalhando para obter as informações necessárias e assegurar os direitos dele.
Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil pela professora no último dia 10 de novembro. A Polícia Civil informou que um inquérito policial será instaurado para apurar os fatos.
Para explicar o valor religioso que o altar tinha para a professora, a advogada contou que, quando ela descobriu que não poderia levá-lo embora da comunidade, "sentiu desespero, medo, angústia".
"Conforme a crença dela, [o altar] devia ser mantido sob cuidados, e que a depender do tratamento dispensado, poderia tanto trazer à vida dela coisas boas, quanto coisas ruins", explicou Jéssica.
A advogada ainda explicou que a professora acreditava que, "se o sacerdote enterrasse em determinados lugares, quebrasse, depositasse lá dentro [do altar] determinados elementos", ela ou seus familiares poderiam ter consequências ruins.
Jéssica detalhou que, em meio ao desespero, a professora até mesmo procurou, sem sucesso, por empréstimos para pagar o valor exigido pelo pai de santo.
"Ela chegou a procurar amigos para avessar empréstimos a fim de pagar o valor, contudo, a quantia era alta e ela não conseguiu obter êxito", disse.
Fuceg
Em nota, Carmen Silva Waldemar Pinto, vice-presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado de Goiás (Fuceg), explicou que o suspeito não faz parte da Fuceg. Já quanto ao caso da suspeita de extorsão, quanto o do estudante que acusou o pai de santo, a vice-presidente disse que o julgamento compete às autoridades competentes.
“A federação existe, mas a pessoa pode optar por não fazer parte dela. A federação existe para dar suporte. Funciona como uma espécie de plano de saúde, você opta por ter ele ou não. Ele não faz parte, mas é acolhido pela federação também”, explicou.
Após ataques nas redes sociais por conta da divulgação do caso, Carmen disse que repudia qualquer discriminação e intolerância religiosa.
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