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Laudo aponta falhas e falta de planejamento de segurança no vazamento de amônia na BRF

O vazamento aconteceu em setembro do ano passado causando duas mortes por queimaduras em quase todo o corpo


Olha Goiás

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros


A Polícia Civil (PC) de Rio Verde concluiu que o vazamento de amônia ocorrido na BRF em 2022 aconteceu devido a imprudência ou negligência expressa na falta de vigilância das máquinas e equipamentos que estavam funcionando sem seguir as normas técnicas de fabricação.


De acordo com o perito criminal, haviam peças faltando nos equipamentos, além da ausência de inspeção e manutenção preventivas, e uma concentração elevada do nível de amônia. Inclusive, foi registrado não haver medidas de controle para proteger e evacuar os funcionários em caso de acidente no local. O laudo foi assinado em fevereiro de 2023.

O vazamento ocorreu por volta das 16h, em 18 de setembro de 2022. Os bombeiros foram acionados para fazer o resgate dos funcionários e segundo um dos miliares, as equipes encontraram dentro da indústria uma “grande nuvem” de amônia. Doze funcionários foram intoxicados e encaminhados ao hospital de Rio Verde, e dois morreram.


O laudo aponta que, por volta das 8h do dia do acidente, “já era possível constatar o aumento quadrático das pressões”, assim os funcionários não deveriam ter sido autorizados a atuar até que fosse descoberta causa de aumento da pressão, e o acidente não teria acontecido. A PC aponta que não houve avaliação coerente do risco.


À época, um major do Corpo de Bombeiros explicou que a amônia vazou devido ao acionamento da válvula de alívio da bomba. “Foi identificado que teve aquecimento no sistema de refrigeração por uma falha no curto circuito. Houve aumento na pressão e, por isso, a válvula de alívio foi acionada e houve vazamento de amônia”, disse.


Porém, mesmo com o sistema de bomba desligado, houve o aumento da pressão, perceptível pela análise do quadro de variação da pressão ao longo do tempo. O laudo explica que muitos parafusos utilizados no acoplamento eram curtos demais, estavam rosqueados parcialmente apenas na extremidade da tampa da bomba, e não possuíam arruelas. O mesmo material ainda estava desgastado, oxidado, e foi identificado um quebrado.


Na desmontagem da bomba ainda foi percebido que os O-ring de borracha estavam rompidos, ou seja, havia deficiência na vedação, o que provocou a maior possibilidade de vazamento.


A investigação também indica que os funcionários não tinham conhecimento dos procedimentos corretos de evacuação em caso de acidente, uma vez que, de forma geral, quando houve o vazamento, todos se dispersaram para locais diferentes.


Além disso, a equipe interventora falhou no desligamento das bombas e equalização da pressão. De acordo com o laudo, isso aconteceu devido à complexidade no manuseio das válvulas.


Assim, o laudo concluiu que a BRF assumiu o risco do acidente que vitimou dois funcionários que tiveram os corpos queimados pelo vazamento de gás.


A família de uma das vítimas está movendo uma ação na Vara do Trabalho, representada pela advogada Teresa Barros, que solicita danos materiais na forma de pensão e danos morais, uma vez que o acidente de trabalho implicou a morte do trabalhador, que teve mais de 90% do corpo queimado.


A BRF disse em nota que: A BRF informa que sua operação segue os mais rígidos padrões de segurança e que tem como compromisso inegociável a qualidade e a integridade de seus colaboradores e prestadores de serviço. A Companhia não comenta investigações em andamento.

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