Tecnologia promete mapear problemas como bueiros sem tampa, buracos em ruas, entulho e falta de sinalização. Contrato foi feito sem licitação, com base no conceito de 'inexigibilidade'.
G1-Goiás
Prefeitura de Goiânia contrata carro "Mapzer, um carro de mais de R$ 2 milhões para mapear problemas na cidade — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Um ‘fiscal robô’ que usa inteligência artificial está rodando as ruas de Goiânia para identificar problemas de infraestrutura. A prefeitura da capital contratou o serviço por mais de R$ 2 milhões e ele promete mapear situações como bueiros sem tampa, buracos em vias e entulho nas ruas, por exemplo.
“A ideia da solução é trazer gestão mais rápida e mais otimizada para a administração pública. Ele fotografa e marca o problema, por exemplo, se ele viu um buraco, ele tira uma foto e vai circular, vai mandar o endereço para o gestor daquela pauta tomar decisão”, explicou Paulo Tumasz, gestor comercial da empresa que criou a tecnologia.
O robô está percorrendo as ruas da capital há três semanas e foi contratado em fevereiro, trazido do Paraná, sede da empresa. Segundo a prefeitura, Goiânia é a primeira capital do país a usar a tecnologia, que a cada 3 segundos, tira uma foto dos problemas e envia para satélites.
“A secretaria de infraestrutura imediatamente segue aquele local mapeado pela Mapzer [nome da empresa] para poder fazer o tapa buraco e outros serviços", disse Rogério Cruz, prefeito da capital.
O foco da tecnologia é dar agilidade e adiantar a identificação dos problemas de infraestrutura, mas Érika Cristine Kneib, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pós-doutora em Mobilidade, alerta sobre o uso do investimento.
“Se a informação gerada for revertida em ações concretas da prefeitura, a prefeitura conseguir identificar e sanar problemas identificados, esse sistema passa a ser um investimento, agora se for só gerar informação e nada for feito para melhorar a vida das pessoas, infelizmente é gasto de dinheiro público”, pontuou.
Sem licitação
Conforme mostrado pela TV Anhanguera, a compra da tecnologia foi feita sem licitação. A justificativa do contrato é a “inexigibilidade”, que é quando uma concorrência pública não é viável por se tratar de um serviço único e exclusivo.
A proposta da empresa contratada foi do pagamento de R$ 201 mil por mês, que totaliza R$ 2,4 milhões por ano. O pagamento da primeira parcela, no valor que ultrapassa R$ 400 mil foi feito no dia 13 de fevereiro deste ano. No dia seguinte, o contrato foi assinado.
Leonardo Faria, secretário jurídico da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) diz que uma lei embasa o pagamento da parcela antes do fechamento do contrato.
“Como o contrato é do dia 14, naturalmente o empenho deve ser anterior, poderia ser até antes”, afirmou.
Em nota à TV Anhanguera, o Tribunal de Contas do Município (TCM) informou que não há pretensão ou previsão de verificação da contratação sem licitação. O TCM disse ainda que apenas casos de denúncia em que são apresentados aspectos que apontem indícios de irregularidades dão início a uma análise mais detalhada do fato.
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