Estado contabilizou 24.979 crimes praticados em plataformas digitais. O número é 12,9% maior do que o levantado no mesmo período de 2023
Jornal Opção
Foto: divulgação/PC
Em alta pela praticidade e o baixo risco à vida, os golpes praticados por meio do ambiente digital caíram no gosto dos criminosos. Apenas em 2024, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP), foram registrados cinco crimes de estelionato por hora, em Goiás.
Em 181 dias (período de 1º de janeiro a 30 de junho), a pasta contabilizou 24.979 crimes praticados em plataformas digitais. Ou seja, uma média de 138 casos a cada 24 horas. O número é 12,9% maior do que o levantado no mesmo período de 2023.
“Esse aumento é uma questão de âmbito nacional. Como os crimes ocorreram pela internet, os golpistas podem estar em qualquer parte do brasil. Muitos criminosos migraram dos crimes violentos, como roubo e furto, para praticar as mais variadas modalidades de golpe durante a pandemia”, explicou o delegado da Delegacia de Investigações Criminais (Deic), Maytan Vinicius Santana.
Nesta quarta-feira, 31, a Polícia Civil (PC) desencadeou uma operação para cumprir 26 mandados de prisão e 30 mandados de busca e apreensão contra uma organização criminosa investigada por aplicar golpes em mais de 50 pessoas, em Goiás. O grupo, porém, é oriundo do Ceará, reforçando a afirmação de Maytan.
Migração
O delegado diz que os crimes digitais se popularizaram devido ao acesso à internet e o baixo risco de, por exemplo, confrontar com a polícia ou ser morto por rivais, como observado no tráfico de drogas. Os ganhos por meio de golpes e a ilusão da impunidade influenciaram a alta da prática criminosa.
Outro fator que elevou o número de cibercriminosos são os baixos investimentos. Afinal, apenas com um celular ou um computador com acesso à internet é possível engatar no artigo 171 do Código Penal, que prevê pena mínima de um ano e máxima de cinco.
“Há várias modalidades de golpe, como o novo número, a falsa central telefônica, o falso intermediário, onde o golpista pede transferência de valores em dinheiro ou o acesso a determinada conta da vítima. Os valores oriundos da prática criminosa, normalmente, passam por várias contas de laranjas até chegar no destino final”, conta Maytan.
As etapas realizadas pelos cibercriminosos, que usufruem da expansão proporcionada pela internet, dificultam o trabalho dos investigadores, que carecem de material de identificação, como imagens – fato que traz a ilusão de impunidade. As forças de segurança, porém, possuem mecânicos de investigação avançados e contam com a integração entre as polícias ostensivas e preventivas, de acordo com o delegado.
“O golpista virtual, depois que ele é identificado e preso, acaba tendo uma pena bem superior, visto que acaba praticando vários golpes. A gente começa a investigação por um golpe em específico, mas depois acaba identificando que ele aplicou vários golpes em apenas um dia”, afirmou.
Prevenção
Maytan diz que a população idosa é a principal vítima dos criminosos digitais, mas que há casos envolvendo advogados, médicos, membros do judiciário e agentes da segurança pública. O investigador explica que, na maioria das vezes, as vítimas caem no golpe em momentos de descuido ou quando estão atarefadas.
Ele ressalta que é importante verificar o número em que o possível golpista entra em contato, assim como evitar passar dados pessoais por meio de aplicativos de mensagem ou ligações. O delegado reforça que, quando há a suspeita de golpe, é imprescindível entrar em contato com o banco responsável e com a polícia.
“A principal dica é sempre estar atento e bem informado. Seguindo essas dicas, é muito difícil cair em um golpe”, concluiu.
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