Acidente radiológico é considerado o maior da história fora de uma usina nuclear. Advogados usaram documentos falsos para conseguir benefícios, segundo Polícia Civil.
G1-Goiás
Policiais cumprem mandados em Goiânia, durante Fraude Radioativa, Goiás — Foto: Divulgação/PCGO
Uma operação da Polícia Civil resultou na prisão de pessoas envolvidas em um esquema de fraude relacionado ao pagamento de benefícios destinados às vítimas do acidente com o césio-137. De acordo com o delegado Leonardo Pires, advogados estão entre os investigados.
"Foi desarticulado um grupo criminoso composto por indivíduos, em sua maioria advogados, que captava e ingressava na Justiça pleiteando a isenção do Imposto de Renda recolhido na fonte. Esse pleito na Justiça era fundamentado em diversos documentos falsos", explicou o delegado.
Entre os documentos falsificados, estão laudos médicos fraudulentos. Conforme o delegado, o esquema causou um prejuízo estimado em R$ 20 milhões ao Estado.
A Procuradoria-Geral do Estado (PGE) informou que seis advogados são suspeitos de envolvimento no crime. De acordo com o órgão, alguns captavam clientes que trabalharam no período do acidente com o césio-137. Outros eram responsáveis por ajuizar ações judiciais, enquanto parte dos advogados teria emprestado suas senhas de acesso ao sistema para que essas ações fossem protocoladas.
As investigações apontam que os advogados conduziam processos utilizando esses laudos médicos falsos para obter isenção de Imposto de Renda para os clientes, servidores públicos aposentados, alegando doenças graves supostamente decorrentes da contaminação pelo césio-137. A operação pretende reverter as decisões judiciais que beneficiaram os investigados e recuperar os valores pagos indevidamente.
A PGE, responsável pela defesa do Estado nesses processos, foi o primeiro órgão a identificar as irregularidades. Segundo o delegado, a PGE notou um aumento significativo de ações judiciais com indícios de fraude nos últimos meses, o que motivou a criação de um grupo de trabalho para investigar o caso.
A PGE, em conjunto com a Polícia Civil, está analisando os processos para identificar todos os casos que utilizaram documentos falsificados. Conforme o delegado, a operação vai oficiar as unidades de saúde que emitiram os laudos médicos apresentados nos processos.
Os investigados responderão por estelionato, associação criminosa, falsificação de documento público e particular, e fraude processual.
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