O Brasil terá neste ano o menor aumento de capacidade de geração de energia elétrica registrado desde 2012, enquanto convive com uma das maiores secas nas regiões das principais hidrelétricas nos últimos 90 anos, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME).
Essa situação, aliada à possibilidade de crescimento econômico nos próximos anos, despertou no governo a necessidade de reformular o planejamento para diversificar a expansão das formas de geração de eletricidade, com maior ênfase em termelétricas.
A falta de chuvas gerou até campanha do governo federal em TV aberta sobre o uso consciente de água neste início de ano. Na próxima década, o governo aposta na construção de oito vezes mais usinas termelétricas e de fontes renováveis, como eólica e solar, em comparação ao crescimento previsto da geração hidrelétrica.
Nas térmicas a gás, o governo planeja a instalação de 16.751 megawatts (MW) de energia — acima da capacidade atual de geração, de 15.199MW. Para energias renováveis, a previsão é instalar 16.363MW de usinas eólicas e 5.332MW de solares.
Para efeito de comparação, o sistema elétrico nacional conta hoje com 3.710MW de energia solar e 18.240MW de geração eólica, que vem batendo recordes, especialmente no Nordeste. Para as hidrelétricas, a previsão é instalar apenas 4.537MW.
Esse cenário vai reduzir a fatia da geração de hidrelétricas na matriz energética do país de 58% em 2021 para 49% em 2030, enquanto as eólicas pularão de 9% para 13%.
O planejamento também prevê a expansão da chamada geração distribuída, quando a energia é gerada no local de consumo ou próximo a ele, como placas solares em telhados de residência — a modalidade sairá de 7% para 14% da capacidade instalada do país.
Apesar dessas previsões, o ano de 2020 foi marcado pela não realização de leilões de energia nova, adiados por conta da pandemia e da retração da economia, que reduziu o consumo. É por isso que, neste ano, o Ministério de Minas e Energia prevê nove leilões de geração e dois de transmissão.
— O ano de 2021 será de muito trabalho no planejamento e execução desses leilões — diz o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral.